quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Occupy Wall Street e a revolta no mundo árabe

O que pode haver de comum entre a revolta no mundo árabe e o movimento Occupy Wall Street que já conta com milhares de participantes? Pode ser a sincronia dos tempos de mudança, quando as pessoas começam a perceber mais claramente uma situação injusta e começam a se movimentar para muda-la.
É interessante e reconfortante notar que não é somente nos países totalitários assumidos mas também nas falsas democracias que isso está acontecendo. Os Estados Unidos se intitulam de democracia, mas na verdade o que existe lá é uma ditadura do capital, que sufoca a política, a economia e quer manter o cidadão comum no escuro.
Claro que há diferenças entre os Estados Unidos, os países árabes e vários outros regimes totalitários, mas a economia baseada em guerra e exploração das outras nações tem seu preço e um dia a conta vem. Está sendo cobrada, via crises, descenso e agora movimento popular. Ouvi uma manifestante dizer o que motivou meu trabalho de conclusão de curso de graduação em administração, na área de sustentabilidade: Se os recursos são escassos, como podemos viver em um modelo socioeconômico que prega o crescimento constante? Contradição básica.
Como podemos ter livre concorrência quando as grandes multinacionais criam cartéis e monopólios?  Como podemos ter democracia se as leis, regulamentos e decisões políticas são subordinadas ao interesse financeiro do capital?
Nesse sentido vale a pena conhecer a obra do sociólogo Guerreiro Ramos, com fundamento em Husserl e Heidegger, propõe a redução sociológica como assimilação crítica da produção sociológica estrangeira, redução sociológica como atitude que permite o indivíduo transcender, no limite do possível, os condicionamento circunstanciais que atrapalham sua expressão livre e autônoma, e redução sociológica como sociologia que tem ação no mundo e inova. Ramos entende o mundo e o homem como uma unidade, sendo as separações em setores como se houvessem realidades estanques sem ligação como o todo  é o que impede uma visão plena da realidade. É lúcido.
A partir disso Alberto Guerreiro Ramos propõe uma teoria de múltiplos centros, onde a centralização no modelo monetarista que quer mercantilizar todas as relações seja transformada. Critica Hobbes e Adam Smith e outros autores clássicos. Os múltiplos centros podem ser considerados como o político, social, ambiental e econômico, como tendo voz nas decisões e políticas públicas.
É clarear a confusão que existe entre crescimento e desenvolvimento, como bem explicou Ignacy Sachs.

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